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Assim como a oferta do exame Papanicolau ajudou a reduzir o índice de mortalidade pelo câncer de colo, especialistas da saúde esperam que a ampliação do número de exames de mamografia e ultrassom possa mudar a realidade das mulheres que adoecem com o câncer de mama no Brasil.
Em live promovida pela Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), o oncologista Luciano Florisbelo alertou que há grande demanda por exames, mas pouca oferta.
O Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que em 2020 tenham surgido 66.280 novos casos no Brasil. E na região Centro-Oeste, há um risco estimado de mais de 45 casos a cada 100 mil mulheres.
Interagindo com o médico, estava a advogada Viviane Meira, que é membro da Comissão. Luciano falou da realidade e desafios enfrentados pelas mulheres em tratamento do câncer de mama em Mato Grosso, enquanto Viviane realizava com apontamentos do viés jurídico, sobre os direitos da pessoa em tratamento e recuperação.
Questionado por Viviane se há prevenção específica, o médico ressaltou que não há nada além de cultivar hábitos de vida saudável. “O que pode salvar uma vida é diagnóstico precoce”, destacou. E para isso, as mulheres mato-grossenses, por exemplo, têm muitos obstáculos pela frente.
Viviane destacou que na rede pública de saúde, a lei prevê o direito aos exames uma vez por ano. “De mamografia para mulheres acima de 40 anos e de ultrassom, para mulheres abaixo dos 40. Basta ir à uma unidade básica de saúde credenciada ao SUS”, destacou.
Florisbelo que acompanha o cotidiano de muitas mulheres em tratamento, aponta que a faixa etária em que há necessidade, é orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“As mulheres têm o direito, mas por vezes, chegam a esperar até cinco meses para fazer o exame. Os números da SBM indicam que no ano passado seriam necessários 11 milhões de exame, mas apenas 3 milhões foram realizados. E vale ressaltar, desses 3 milhões, pode ter acontecido de uma mulher tê-lo realizado por duas vezes. Ou seja, muita mulher ficou de fora”.
Ele explicou a Viviane que o diagnóstico ainda é tardio. “Às vezes demora meses para conseguir a consulta e meses para realizar os exames. E às vezes, ele não tem a qualidade necessária e essa mulher precisa refazê-lo. E nessa, vamos perdendo ainda mais tempo de tratamento”, desabafa.
“Afinal, será menos danoso à mulher se ela chegar com um tumor de 2 a 3 cm do que de 5 a 6 cm. Quando ele já está avançado, não posso nem operar de imediato, pois talvez seja necessário recorrer à quimioterapia antes, para reduzir o tamanho e então operar. O nódulo de até 2 cm tem até 90% de chance de cura”.
Luciano acredita que a sensibilização do poder público para esta realidade otimizaria também os recursos destinados à saúde. “Em Colíder, por exemplo, ainda não tem mamógrafo. A mulher com suspeita da doença deve ir para as cidades polo”, destaca algumas das dificuldades enfrentadas pelas mulheres de cidades do interior.
“O gestor precisa ter consciência de que o custo de uma paciente com tumor avançado é muito maior”.
Dentre uma fala e outra sobre o assunto, a advogada Viviane informou sobre as questões jurídicas, tomando como base o conteúdo da cartilha “Outubro Rosa: Conheça seus direitos”, lançada pela Comissão de Saúde da OAB-MT. Entre os quais, leis que amparam as mulheres que necessitam de reconstrução mamária, medicamentos, quimioterapia e tratamentos avançados e permitidos pela Anvisa. A cartilha traz ainda informações sobre o direito da mamografia gratuita, auxílio-doença e transporte coletivo gratuito, dentre outros pontos abordados.
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